Composta por José Vianna da Motta aos sete anos e meio de idade, a Mazurca Amizade (sem opus), em ré maior, pertence ao conjunto de obras de infância escritas entre 1873 e 1883. Não se sabendo da existência de manuscrito, apenas a edição princeps anónima, que data presumivelmente de 1876, nos permitiu rever e publicar esta obra. Na edição que apresentamos, foram corrigidos erros da edição princeps, nomeadamente erros de impressão e de edição musical.
É provavelmente nesta composição que Vianna da Motta introduz pela primeira vez o cromatismo, nomeadamente em passagens melódicas (cf. c. 31, 38-39, 88 ou 95-96, por exemplo). É também de notar que, à exceção do primeiro acorde dos compassos 113 e 114, todos os acordes de quatro sons com um intervalo de oitava entre os extremos incluem a indicação arpeggio. Este facto estará possivelmente relacionado com a dificuldade que uma criança de sete anos e meio, limitada pelo tamanho e elasticidade das suas mãos, teria em tocar este tipo de acordes.
Em baixo, segue um esquema estrutural desta composição.
1-
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9-
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17-
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25-
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33-
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41-
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49-
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57-
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65-
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74-
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82-
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90-
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98-
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106-
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113-
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Intro.
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A
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B
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A'
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Concl.
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A
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B
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A'
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C
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D
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C'
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B
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A''
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a
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a'
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b
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b'
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a
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a''
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c x2
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d x2
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c
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b
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b'
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a
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a'''
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RÉ
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SOL
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RÉ
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(ré)
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DÓ
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SOL
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DÓ
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SOL
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RÉ
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As frases musicais a', a'' e a''' são variações melódicas de a, assim como b' é uma variação melódica de b (d pode também ser interpretado como uma variação melódica de b). A secção B (constituída das subsecções C, D e C') distingue-se das secções A e A' essencialmente pela tonalidade e pela ausência de variações melódicas.
João Costa Ferreira