Partes de orquestra em regime de aluguer.
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encomenda de Guimarães 2012
orquestra:
2 flautas
2 oboés
2 clarinetes Bb (2º + clarinete Eb)
1 clarinete baixo
2 fagotes
4 trompas
1 tuba
tímpanos
percussão (3 executantes)
harpa
cordas
12'
Notas de programa:
Mahler representa, talvez mais do que qualquer outro compositor da História da Música, o fim de uma época: a que assistiu aos últimos anos do Império Austro-Húngaro e à passagem para o mundo moderno, mundo esse que estava, em grande parte, a ser forjado nesse Império: Freud, Marx, Einstein, Kafka, Schoenberg, Wittgenstein, e muitos outros, estavam aos poucos a destruir a velha segurança tão querida a Franz Joseph. Mahler, esse moravo que começou a carreira em Praga, a cidade fetiche de Mozart e Kafka, sentiu o “mal-estar na civilização” descrito por Freud (que o chegou a psicanalisar) em 1929. Mahler morre em 1911 (o mesmo ano da “Morte em Veneza” de Thomas Man, novela baseada na figura do compositor) reflectindo na sua música a angústia freudiana que irá tornar-se privilégio de todos em 1914. Esse mal-estar, a que se junta um impulso de morte, essa dávida envenenada do romantismo germânico ao século XX europeu, passa por todas as suas obras. Judeu, Mahler não viverá até ao advento do nazismo, não assistirá portanto à criação do Inferno na Terra, nem sequer ao cataclismo de 1914-18 que lhe dará origem, mas a condição de proscrito persegui-lo-á enquanto criador até à morte. A sua visão da sinfonia como “um mundo”, fez dele um visionário que amontoa toques de clarim, marchas militares, canções populares, hinos religiosos, alusões a outros compositores e variada parafernália numa música que desde a sua morte não deixou de assombrar outros compositores que experimentaram a ânsia destrutiva dos piores totalitarismos do século XX, como Chostakovitch, também ele acusado desse “cosmopolitismo” (acusação dirigda em particular aos judeus soviéticos por Estaline), e também ele fascinado pela música e poesia judaicas. “Todas as minhas sinfonias são lápides funerárias”, disse Chostakovitch. O mesmo poderia dizer Mahler de muitas das suas obras. Mas enfrentaremos nós o verdadeiro Mahler? Mascarada debaixo de uma profusão de belas melodias, de uma orquestração brilhante, de uma massa de som oriundo de orquestras gigantescas, a morte espreita, mas nós ignoramo-la. Como os vienenses de 1914, valsamos despreocupados enquanto, lá fora, o nosso mundo desaba silenciosamente.