José Vianna da Motta nasceu a 22 de Abril de 1868 na ilha de S. Tomé. Um ano depois, por motivos de saúde do pai, a família decide regressar a Portugal, instalando-se primeiro em Colares e mais tarde em Lisboa.
Aos 7 anos Vianna da Motta ingressa no Conservatório Nacional, onde inicia os estudos de piano com Joaquim de Azevedo Madeira e de harmonia com Freitas Gazul, e aos 12 anos, mais precisamente a 20 de Março de 1881, apresenta-se pela primeira vez em público no salão da Trindade, interpretando várias obras a solo e dirigindo a orquestra presente no concerto, na execução de uma marcha militar de sua autoria, orquestrada pelo seu professor Freitas Gazul.
Em Novembro de 1882 Vianna da Motta parte para a Alemanha com uma bolsa de estudo concedida pelo Rei D. Fernando II. Em Berlim estuda com Xaver Scharwenka e Karl Schäffer, em Frankfurt com Hans von Bülow e em Weimar, no verão de 1885, com Liszt.
Na década de 80 do século XIX, Vianna da Motta inicia uma intensa e fulgurante carreira de concertista, actuando nas mais prestigiadas salas de concerto da Europa e da América. No capítulo da música de câmara trabalha com vários artistas célebres, entre os quais se contam nomes como o do violista espanhol Pablo Sarasate, da soprano polaca Marcella Sembrich, ou do pianista e compositor Ferruccio Busoni (que lhe dedicou as suas transcrições dos prelúdios sobre corais de Bach).
Durante o período em que permaneceu na Alemanha, cerca de 32 anos, José Vianna da Motta para além de concertista, foi igualmente um requisitado conferencista, e colaborador regular de algumas das mais importantes publicações musicais alemãs, bem como da Revista Artística de S. Paulo e da Arte Musical de Lisboa.
Paralelamente manteve ainda uma grande actividade como professor, leccionando em Berlim no Conservatório Stern e na Suíça, no Conservatório de Genebra.
Em 1917, ano em que funda a Sociedade de Concertos de Lisboa, Vianna da Motta regressa em definitivo a Portugal. Um ano depois é nomeado Director do Conservatório Nacional e Maestro Titular da Orquestra Sinfónica de Lisboa.
Em 1927, para assinalar o centenário da morte de Beethoveen, Vianna da Motta interpreta, no Salão do Conservatório Nacional, pela primeira vez em Portugal, a integral das 32 sonatas para piano do grande mestre alemão.
E dois anos mais tarde, promove a primeira execução integral das sonatas para violino e piano e para violoncelo e piano, bem como dos trios para violino, violoncelo e piano, de Beethoven. Colaboram neste grande evento dois dos maiores músicos portugueses de então: o violinista Paulo Manso e o violoncelista Fernando Costa.
A 19 de Janeiro de 1945, apresenta-se pela última vez com orquestra, no Teatro Nacional de S. Carlos, interpretando a Dança Macabra de Liszt, e a 19 de Dezembro desse mesmo ano, actua pela derradeira vez em público, interpretando a sonata op. 10 nº 3 de Beethoven, na Academia dos Amadores de Música de Lisboa.
José Vianna da Motta, faleceu em Lisboa às primeiras horas da madrugada do dia 1 de Junho de 1948.
Uma das paixões que sempre o acompanhou durante toda a vida foi sem sombra de dúvida a composição. Prova disso, são as inúmeras obras para piano solo, ou para canto e piano, bem como as várias partituras de música de câmara e de música orquestral que escreveu, muitas delas influenciadas pela música popular portuguesa.
Considerado o iniciador de uma escola de carácter nacional no capítulo da música instrumental e orquestral, Vianna da Motta inspirado na nossa música, deu a muitas das suas composições um verdadeiro colorido nacional, exemplo disso são, entre outras, obras como as “Cenas portuguesas”, as “Rapsódias portuguesas” ou a “Balada” para piano, o Quarteto de cordas em Sol M, ou a Sinfonia “À Pátria” op.13, a sua obra-prima.