O Quinteto para instrumentos de sopro (flauta/oboé/clarinete/fagote/trompa), uma obra de 1997 [revisões em 2000 e 2003], deriva de um quarteto de clarinetes escrito em 1992/1993 enquanto ainda estudante no Conservatório de Música do Porto. O material temático (melódico e harmónico) utilizado nos primeiro, segundo e quarto andamentos é basicamente o mesmo dessa versão mais antiga, embora intensamente desenvolvido. O terceiro andamento, um intermezzo, apesar de inicialmente concebido para a instrumentação original com clarinetes, foi apenas concretizado para esta nova versão em quinteto.
O Preludio inicial é em forma de variações, em que dois brevíssimos motivos, um mais rítmico outro mais melódico (mas ambos limitados a dois compassos), são livre e ininterruptamente variados ao longo do andamento.
O Lamento é um fugatto muito livre, numa ambiência sonora com ecos de Hindemith. A constante sobreposição de 4as e 5as perfeitas, bem como os movimentos paralelos desses mesmos intervalos, sugere ainda, embora muito fugazmente, laivos de sonoridades medievais estilizadas.
O Humoresque é uma forma ternária (ABA’), em que a secção contrastante intermédia é uma valsa satirizada, apresentada pela trompa. A reexposição da secção inicial é feita em forma retrógrada livre, com a ordem de apresentação das notas invertida em relação à exposição, embora este artifício seja principalmente utilizado no acompanhamento.
Por último, o Finale é igualmente uma forma ternária (ABA’), mas com dois temas distintos na primeira secção, ambos bastante vivos e rítmicos (o primeiro no clarinete, e mais sobre o registo agudo, o segundo também no clarinete e no fagote, mas mais sobre o registo grave). A secção intermédia, bastante contrastante, baseia-se no material temático da “valsa” do terceiro andamento, que é igualmente aqui apresentada na trompa, embora desta vez no acompanhamento se evoque o ambiente harmónico do Lamento com movimentos paralelos de 4as perfeitas. A reexposição da secção inicial (A) é significativamente encurtada, quase em jeito de “coda”, e na realidade apenas uma parte do 1º tema (clarinete/registo agudo) é claramente repetida. O 2º tema (grave), por seu lado, quando reaparece no fagote vê-se por assim dizer “esmagado” pela sobreposição de quatro outros temas de andamentos anteriores, funcionando esta secção final como um sumário de toda a obra. Conclui este derradeiro andamento (e a obra na globalidade) um fff com indicação stridente, brutale para todos os instrumentistas, fazendo ouvir os exatos mesmos três acordes com que se havia iniciado.
Duração total aproximada: 14 min.