A primeira edição desta obra foi feita pelo Centro de Estudos da Universidade do Minho. Deixo aqui o meu agradecimento especial à Doutora Elisa Lessa pela forma entusiasta com que recebeu estes “quadros” e os fez passar a música.
Como resposta ao desafio do compositor Eduardo Patriarca escrevi, para flauta e piano, a quarta peça deste pequeno ciclo - Do cats eat bats? - para o Concurso Marília Rocha, edição de 2009. Porém, à medida que ia compondo esta peça, pressenti que ela faria parte de um ciclo, ainda não escrito. Sob este pressentimento, fui escrevendo as restantes peças, encarando tal facto como uma inevitabilidade, assim teria que ser...
Este ciclo de peças, escrito num ápice, relata, em forma de fantasia, cinco momentos da aventura “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll: o primeiro momento - Down, down, down - descreve a queda, aparentemente sem fim, de Alice no buraco que a levará ao país das maravilhas; o segundo quadro ?- White Rabbit - apresenta a personagem que suscitou a Alice toda a curiosidade inicial, o Coelho Branco; o terceiro momento - ?Who am i then? - transmite a inquietude constante de Alice em relação ao que a rodeia, quer isso faça parte do seu mundo real ou do seu novo mundo de fantasia e descoberta; o quarto quadro é, expressamente, a segunda pergunta da curiosa Alice?- Do cats eat bats? - que simboliza algum non sense patente na maior parte das perguntas da pequena rapariga (a determinado momento da história ela inverte as personagens perguntando também se os morcegos comem gatos!); o quinto e último momento - Off with her head! - descreve, literalmente, a frase lapidar da déspota personagem Rainha de Copas, “cortem-lhe a cabeça!”. Esta ordem final da rainha é textualmente enfatizada pela célula rítmica - colcheia, duas semicolcheias, colcheia = Off with her head!
Quando concluí estas peças pensei imediatamente na sua edição, até porque mais não fosse, pela falta de repertório deste género na música portuguesa, e que tal só poderia ser feito pelo Centro de Estudos da Universidade do Minho, concretamente pela acção da Doutora Elisa Lessa. A sua iniciativa e coragem, uma vez que já tem editado um património musical muito significativo no que diz respeito ao universo da música para a infância, era tudo o que precisava para que esta música não ficasse, à semelhança de outras, no fundo “da minha gaveta”.
Por fim, gostaria de agradecer à minha amiga Sofia Leal que, de terras longínquas, me fez esta capa maravilhosa onde a música ganha imagem, traço e contorno.