No decorrer de um almoço pode sempre acontecer algo imprevisto. Neste caso, o que aconteceu foi simplesmente uma conversa entre duas pessoas com ideias musicais de certo modo convergentes, que culminou numa marcação de um ensaio, para uma mera experimentação. O ensaio, por acaso, foi do agrado dos dois. E assim, se iniciou o duo (Artclac) com o excelente clarinetista Carlos Alves.
Nessa altura (2004), comprometi-me (comigo mesmo) em escrever uma obra para o nosso duo. E…assim foi.
Como o próprio nome indica (Nuances a 2), a peça é constituída por muitas “nuances” no seu desenrolar, cortando por vezes por completo com o que se passou antes sob o ponto de vista musical, aparecendo muito fragmentada em toda a sua estrutura.
Tem por vezes um espírito muito vivo, devido sobretudo ao ritmo impetuoso e de certa forma alucinante que alguns motivos apresentam. No entanto, em alguns momentos, existem episódios musicais que ilustram alguma melancolia, até mesmo algum dramatismo, contrastando assim com toda a exuberância rítmica relatada anteriormente.
Paulo Jorge Ferreira