Professor, compositor, violoncelista, contrabaixista e maestro, Francisco Freitas Gazul (1842, Lisboa - 1925, Lisboa) é uma personalidade importante no desenvolvimento da música portuguesa a partir da segunda metade do século XIX.
É oriundo de uma família de músicos e seu pai, Francisco Gazul (1815-1868), foi professor de solfejo no Colégio dos Nobres, de rudimentos no Conservatório de Lisboa e timbaleiro no teatro D. Maria II, na Real Camara e na Sé. Partidário de Costa Cabral, compôs um hino à Carta.
Francisco Freitas Gazul estudou no Conservatório de Lisboa harmonia, contraponto e fuga com Eugénio Ricardo Monteiro d`Almeida. A partir de 1856 foi aluno de violoncelo, de João Jordani, e mais tarde de Guilherme Cossoul, deduzindo-se que terá estudado contrabaixo com estes professores.
Como contrabaixista participa, em Abril de 1899, na execução do “setimino” de Beethoven, em Lisboa.
Em 1867 é o primeiro classificado num concurso para os lugares de 2º violoncelo na ópera e 1º violoncelo no bailado para a orquestra do Teatro de São Carlos.
Como maestro Francisco Freitas Gazul foi assistente de Guilherme Cossoul no Teatro São Carlos em 1859. Mais tarde, em 1875, é maestro no teatro de São João no Porto, onde dirigiu as óperas Linda de Chamonix, Guilherme Tell, Somnanbula, Barbeiro de Sevilha, Baile de Máscaras, Othello e Traviata. No verão de 1880 dirige concertos com orquestra no Coliseo, antigo Circo Pride.
Com uma vasta produção no campo da composição, tanto na música religiosa, como na ópera, operetas, mágicas, música para teatro, revistas e também na música de câmara, é com a ópera Frei Luís de Sousa, apresentada no Teatro de São Carlos em 1891, que Francisco Freitas Gazul atinge um certo reconhecimento público.
Na música de câmara, Francisco Freitas Gazul demonstra um grande interesse nas formações de cordas, manifestando a sua predilecção pelos agrupamentos com contrabaixo nas obras La Première Jeunesse e Sonatina, escritas para uma formação instrumental com 2 violinos, violeta, violoncelo, contrabaixo e piano.
Francisco Freitas Gazul foi professor no Conservatório de Lisboa de Rudimentos Musicais, e foi ainda autor de dois livros: um de solfejo e outro de rudimentos musicais. O livro de solfejo com amplo uso até aos dias de hoje nas bandas de música, tornou-se conhecido como “o solfejo das bandas”. Existiu em Lisboa uma sociedade filarmónica com o seu nome. Dos seus alunos destaca-se Vianna da Motta.