1956 – Scherzino para Quinteto de Sopros – Ao Quinteto Nacional de Sopros
O ‘Adagio e Scherzino’ data de Março de 1956 e foi dedicado ao Quinteto de Sopros da antiga Emissora Nacional. A estreia, porém, ocorreu apenas a 29 de Junho de 1989, na Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, pelo Quinteto Solistas de Lisboa. Pelo título podemos desde logo perceber que estamos diante de um díptico contrastante, de carácter modal no seu perfil melódico e harmónico e com ambas as peças em forma tripartida (ABA).
O ‘Adagio’ inicia como se fosse polifonia imitativa, liderado pelo fagote ‘molto espressivo’. O tema (cuja organização sugere a escala octatónica) tem um carácter “elástico” que faz pensar numa dança lenta. Um breve episódio central, dominado pela flauta, acusa a influência da melodismo tradicional português, seguindo-se-lhe o regresso da secção A.
O ‘Scherzino’ é um ‘Allegretto’ que o compasso 3/4 e os padrões rítmicos fazem parecer mais vivo. Ele atesta a influência da música tradicional portuguesa, com o oboé a assumir claro protagonismo temático (tema principal em ‘Barform’: aab) e na condução do discurso, se bem que na secção intermédia a flauta assuma maior relevo. A obra move-se em torno dos eixos lá/mi (secção A) e ré/lá (secção B), terminando num acorde de lá M, “confirmado” pela trompa.
Bernardo Mariano