Revisão:
Bruno Belthoise
O Andante e Allegro, para flauta e piano (1984) de Fernando Lopes-Graça é a única peça que o compositor escreveu para esta formação. No seu catálogo de música de câmara, constituído de cerca de quarenta obras compostas entre 1930 e 1989, a flauta está presente em seis números de opus (compostas entre 1971 e 1984), onde se intercalam peças para flauta solo e peças para flauta e guitarra como é o caso do 4º caderno das Melodias Rústicas Portuguesas (1979). No conjunto da sua vasta e diversificada obra instrumental e vocal, nota-se que Fernando Lopes-Graça revelava particular interesse pelas formações clássicas do quarteto de cordas e o quinteto de sopros. A flauta está assim presente nos seus dois quintetos do ano de 1966: Sete lembranças para Vieira da Silva e O túmulo de Villa-Lobos. Em alguns casos, o compositor também integra a flauta em grupos instrumentais que acompanham conjuntos vocais, nomeadamente em O meu país de marinheiros (1981) com texto de António Nobre e em Hino ao sol (1990) com texto de Gomes Leal.
Da coexistência de dois andamentos de carácter acentuado na obra Andante e Allegro nasce um forte contraste: a escrita cromática de um lirismo intenso e doloroso do Andante precede o Allegro extremamente afirmativo e feito de motivos que se sobrepõem e se cruzam nos dois instrumentos. Nos dois andamentos, a tessitura da flauta é explorada na sua totalidade e o piano instala um motor rítmico, exigindo uma grande precisão na execução. Encontram-se vários motivos comuns aos dois andamentos sendo que o mais evidente é a primeira célula do Andante que se evidencia claramente como uma breve calmaria antes da conclusão animada do andamento. Esta obra foi estreada em Dezembro de 1986, por Alexandre Branco (flauta) e Nuno Barroso (piano) no âmbito das actividades da Associação dos Bombeiros Voluntários no Estoril (Portugal).
Bruno Belthoise
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Andante e Allegro, pour flûte et piano (1984) est l’unique pièce écrite par Fernando Lopes-Graça pour cette formation. Dans son catalogue de musique de chambre, qui comporte une petite quarantaine d’œuvres composées entre 1930 et 1989, la flûte apparaît dans six numéros d’opus (composées entre 1971 et 1984) qui alternent des pièces pour flûte seule et des pièces pour flûte et guitare comme le 4e cahier des Melodias Rústicas Portuguesas (1979). Au sein de son œuvre instrumentale et vocale très étendue et diversifiée, Lopes-Graça aimait aborder notamment les formations instrumentales classiques du quatuor à cordes ou du quintette à vent. C’est ainsi que la flûte s’exprime également dans ses deux quintettes : Sete lembranças para Vieira da Silva et O túmulo de Villa-Lobos, œuvres de l’année 1966. À quelques rares occasions, le compositeur utilise aussi la flûte au sein de groupes instrumentaux accompagnant des ensembles vocaux, notamment pour les mélodies O meu país de marinheiros (1981), texte de António Nobre et Hino ao sol (1990), texte de Gomes Leal.
L’œuvre Andante e Allegro offre un contraste particulièrement fort en faisant coexister deux mouvements de caractères très affirmés : l’écriture chromatique au lyrisme intense et douleureux de l’Andante précède l’Allegro très affirmatif et tissé de motifs qui se superposent ou se croisent aux deux instruments. Dans les deux mouvements, la flûte est sollicitée dans tous ses registres et le piano installe un moteur rythmique, déployant ensemble un jeu instrumental d’une grande précision. Plusieurs motifs communs aux deux mouvements peuvent être découverts, le plus évident étant la première cellule de l’Andante qui apparaît clairement énoncée, tel un bref apaisement avant la conclusion animée du mouvement. Cette œuvre a été jouée en première audition à Estoril (Portugal), dans le cadre de l’Associação dos Bombeiros Voluntários (Association des Pompiers Volontaires), le 12 décembre 1986 par Alexandre Branco (flûte) et Nuno Barroso (piano).
Bruno Belthoise