Composta por José Vianna da Motta aos dez anos de idade, a Singela, Polca-mazurca op. 15 para flauta e piano, em si bemol maior, pertence ao conjunto de obras de infância escritas entre 1873 e 1883. Existe também uma versão desta obra em lá bemol maior escrita para piano solo à qual Vianna da Motta atribuiu o número de opus 17. Porém, não é certo que a versão para piano solo (op. 17) tenha sido realizada depois da versão para flauta e piano (op. 15) já que na capa do manuscrito da opus 15 Vianna da Motta informa que a obra foi “composta para piano e arranjada para piano e flauta”.
À data desta publicação, o manuscrito da Singela, Polca-mazurca op. 15 apresenta uma lacuna relacionada com a perda de parte de uma tira de papel na qual Vianna da Motta tinha escrito os compassos 7 e 8. O manuscrito apresenta também imprecisões: as barras de repetição das secções que Vianna da Motta pretendia que fossem repetidas apenas foram escritas no final dessas secções. No que toca a secção a, Vianna da Motta não escreveu o compasso 17 cuja anacruse permite retomar o tema de forma musicalmente coerente. Inspirámo-nos na versão para piano solo desta obra para reconstituir os compassos perdidos e escrever o compasso em falta. Finalmente, à luz da estrutura da versão para piano solo, considerou-se que a barra de repetição que Vianna da Motta escreveu no final da secção a'' se trata de um erro.
Em baixo, segue um esquema estrutural da Singela, Polca-mazurca op. 15 onde se evidencia a forma rondó simétrico (abacaba).
1-8
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9-18
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19-34
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35-43
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44-52
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53-60
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61-76
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77-83
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84-94
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a
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b
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a'
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c
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a''
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b'
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a'''
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SI♭: I
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V
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I
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IV
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I
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V
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I
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Os temas que se repetem (a e b) evoluem graças ao uso de técnicas de variação. É ainda de salientar que as notas do tema principal em compasso 3/4 (c. 9+) provêm do tema da introdução em compasso 2/4 (c. 1-8), sendo que o ritmo é o elemento que mais os distingue. Esta técnica de composição é também utilizada por Vianna da Motta noutras obras de infância, como por exemplo na obra A Infância, Polca op. 24 e na obra As Férias, Valsa op. 14.
João Costa Ferreira