Luiz Costa foi um dos pianistas e compositores mais importantes e mais interessantes do modernismo musical português. Nasceu a 25 de Setembro de 1879 no Minho, em São Pedro de Fralães, região do norte litoral, factor que será uma fonte de constante inspiração para o compositor. Ele viveu grande parte da sua vida no Porto e é aí que vem a falecer no dia 7 de Janeiro de 1960. Luiz Costa pode ser visto como um compositor do seu tempo e como um verdadeiro “poeta” do piano. É com as influências do impressionismo francês que o compositor exprime o ambiente do seu Minho natal com os seus campos e riachos, influências encontradas em particular nos seus ciclos de piano Poemas do Monte op. 3, Telas Campesinas op. 6 e Cenários op. 13. A sua obra – das mais originais da ascensão modernista portuguesa – inscreve-se na sua época, entre o final do romantismo e a clareza que o “Esprit nouveau” reivindica.
As Danças Rústicas op. 17 foram compostas entre Junho e Julho de 1948 e estreadas por Filomena Campos a 18 de Julho de 1949 no Conservatório do Porto. Nas suas Danças Rústicas op. 17, Luiz Costa não procura – como o faz Fernando Lopes-Graça a partir de 1938 – utilizar melodias tradicionais portuguesas para elaborar uma escrita fundada sobre um material de tradição oral. Através destas peças de andamentos vivos, ele exprime-se numa linguagem reinventada com temas originais e sugere a identidade ibérica sem a caricaturar. O carácter agitado da Dança n.º 1 (Vivace) dá lugar numa secção central a um Tranquillo de espírito mais improvisado e suspensivo. Na Dança n.º 2 (na sua secção molto tranquillo) aparece uma hesitação entre a terceira maior e a terceira menor e ainda a utilização característica do segundo grau abaixado. É num estilo de fandango do Ribatejo que se desenvolve a Dança n.º 3, peça caracterizada por acentos extremamente marcados. É de salientar, nestas três Danças Rústicas, que o aspecto melódico (nomeadamente de inspiração vocal) está sempre presente nas fórmulas rítmicas utilizadas.
Conseguindo realizar através da sua obra uma síntese entre a tradição musical alemã, o modernismo francês e um profundo sentimento de fervor nacional, no seu sentido mais positivo, Luiz Costa alcançou aquilo que é certamente o mais difícil para um compositor: criar uma linguagem própria, um universo interior. É a particularidade desta linguagem, aliada às características únicas da sua personalidade, que lhe confere um lugar de destaque no panorama musical português.
Bruno Belthoise
Bruno Caseirão