José dos Santos Pinto foi um exímio oboísta, compositor, e pedagogo português. Nascido a 17 de Julho de 1915, em Lobelhe do Mato, freguesia do concelho de Mangualde, iniciou os seus estudos musicais com o seu pai, na banda local, que este último dirigia.
Em 1935 ingressou na Banda Regimental de Viseu, sob a batuta do musicólogo Tenente Manuel Joaquim. Aquando da extinção desta, e após recuperar de um grave acidente, vai para Lisboa e integra o Batalhão de Caçadores 5, no ano de 1939.
Um ano depois, torna-se 1º Oboé em várias orquestras conceituadas na altura, entre as quais: Orquestra Filarmónica de Lisboa (fundada por Ivo Cruz); Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos e Orquestra e Quinteto Nacional de Sopro da Emissora Nacional (juntamente com nomes como Adácio Pestana (trompa); Ângelo Pestana (fagote); Carlos Saraiva (clarinete); Luís Boulton (fluta), entre outros. É ainda agraciado com um louvor pelo Batalhão de Caçadores 5 e dois louvores e uma medalha de ouro, pela Guarda Nacional Republicana, onde também desempenhava a função de 1º oboé.
Em 1940/41 inicia os seus estudos no Conservatório Nacional de Lisboa, onde viria a obter o diploma de Oboé, na classe do professor Abílio da Conceição Meireles, e a concluir o Curso Superior de Composição, sob orientação do Prof. Jorge Cronner de Vasconcellos. Termina ainda o Curso Complementar dos Liceus.
Em 1950, ganha uma bolsa do Instituto de Alta-Cultura, para aperfeiçoar os seus conhecimentos no Conservatoire Nationale de Musique (Paris), tendo resultado daí um excelente aproveitamento, que lhe garantiu a prolongação da mesma por mais um ano. Findo esse ano, José dos Santos Pinto termina com seis diplomas: Oboé; Música de Câmara; Fuga; Composição; Direção de Orquestra e Direcção Coral.
Participou na Académie Internationale d’Eté de Nice, em Composição e Direcção de Orquestra, e nos Cursos Internacionais de Férias da Costa do Sol, em Direcção de Orquestra e Direcção Coral. Em 1953, dá início à construção de um oboé que patenteou em Paris.
Entretanto, torna-se professor de oboé no Conservatório Nacional até ao ano de 1987. Realizou inúmeros concertos no âmbito da Sociedade de Concertos, uma iniciativa “Pro Arte” que levava concertos a todo o país, interpretando ao lado de Helena Sá e Costa, Celeste Picoto, ou Maria Vitorino.
Escreveu duas sonatas para oboé e piano; um concertino para oboé; uma sonata para clarinete e piano; um concertino para clarinete e orquestra; um quinteto para sopros; vários poemas sinfónicos como Canção da Serra, Quadras ao Gosto Popular (letra de Fernando Pessoa), Fátima e a Sinfonia Clássica. Compôs marchas como Marcha Lusitânia, Viva Lobelhe, e marchas de procissão como Mater Dolorosa, Dor Eterna, entre outras.
Faleceu no dia 27 de Março do passado ano de 2014, tendo doado o seu espólio à Biblioteca Dr. Alexandre Alves, em Mangualde, e à Banda de Lobelhe do Mato (Mangualde).
Ana Margarida Cardoso
22-05-2015