Metamorphoses
… homage à M. C. Escher
O mundo fantástico das gravuras do holandês Maurits Cornelius Escher (1898-1972) sempre me fascinou. A imaginação, mas ao mesmo tempo o rigor com que são construídas as suas “metamorfoses” é admirável, e ao mesmo tempo intrigante, sendo o apogeu desse seu estilo a fantástica sequência «Metamorphosis II», um mural que decora a estação central dos correios de Haia, na Holanda. Essa clareza de “discurso” decorrente de um perfeccionismo técnico apuradíssimo, sempre me pareceu adaptável à música, que neste caso seria, em meu entender, através da técnica de variação contínua. Foi o que entendi experimentar em «Metamorphoses» para orquestra de câmara. Esta obra está dividida em cerca de 15 secções, todas elas se interligando entre si através de motivos melódicos, rítmicos e/ou harmónicos comuns, e que constituem o germe de construção de toda obra. O princípio fundamental aqui é a continuidade, a variação o processo, mas o objectivo último da minha música é sempre comunicar com o público, tal como Escher comunicava através das suas gravuras.
Luís Carvalho
Maio/2009