O Concerto para Piano e orquestra, op.20, de António Victorino D’Almeida é a primeira obra sinfónica do compositor, escrita quando tinha apenas 19 anos e ainda era aluno do Conservatório Nacional de Lisboa.
Em certos aspectos, esse Concerto reflectiu uma atitude de rebeldia do então jovem músico em relação a um sistema de ensino da composição que lhe parecia excessivamente convencional e como tal desajustado em relação às naturais ambições de um compositor do seu tempo.
O sec.XX foi extremamente rico em opções estéticas e, em 1959, António Victorino D’Almeida ainda não travara verdadeiro conhecimento com os princípios defendidos pela Segunda Escola de Viena, cidade para onde iria viver pouco tempos depois, durante vinte e três anos, e cujos princípios expressionistas marcariam mais profundamente uma fase subsequente - ainda que não definitiva - da produção do compositor português.
O Concerto para Piano e orquestra está bastante na linha dos autores que Victorino D’Almeida talvez melhor conhecesse nessa altura - Stravinsky, Prokofiev ou também Darius Milhaud, uma vez que um ou outro glissando de trombone ou clarinete não se revelam suficientes para que logo se aponte, como vulgarmente acontece, uma alegada influência de Gershwin…
Sendo o próprio compositor pianista - e em 1959, altura da escrita da obra, até concertista com promissora carreira, é natural que a escrita deste Concerto seja particularmente complexa em relação ao instrumento solista, com passagens de grande virtuosismo, nomeadamente nas cadências que aparecem nos três andamentos, sem dúvida difíceis de executar, mas sempre pianísticas.
Formalmente, o primeiro andamento ainda segue determinadas regras mais tradicionais da forma sonata, muito embora a reexposição só seja autêntica no que se refere ao segundo tema, de carácter muito melódico e com algumas vagas raízes populares.
Poderá dizer-se que, no lugar da reexposição, existe uma longa coda, baseada em variações sobre os dos dois temas principais.No segundo andamento, a fórmula do A+B+A é de certo modo flagrante, conquanto haja nele uma passagem que utiliza material temático usado na cadência.
E o terceiro andamento parte de uma citação variada do tema inicial da obra para uma sucessão de situações contrastantes - conquanto não propriamente rapsódicas, finalizando num ritmo agitado e algo marcado por características brasileiras que poderá evocar uma certa estética de Milhaud.
1º Andamento - http://www.youtube.com/watch?v=--2cu6cTWaw
2ª Parte - http://www.youtube.com/watch?v=OERTehqiOJc
2º - Andamento - http://www.youtube.com/watch?v=Jgza8AaOU_Y
3º Andamento - http://www.youtube.com/watch?v=DPbqlx95Wwk